quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O que tu queres sei eu

Existe uma questão típica do género masculino que me intriga. Nunca percebi muito bem como é que qualquer homem consegue fazer qualquer tipo de comentários com intenções sexistas, machistas ou obscenas dizendo seja o que for, mesmo que não faça sentido, mesmo que não tenha nada a ver com o contexto e que se lhes for retirada aquela entoação típica dum comentário assim, seria simplesmente estúpido.
Vou-vos dar um exemplo de algo que se passou comigo recentemente. Entrei no elevador com alguém conhecido e a partilhar o mesmo espaço estava um casal ao qual eu estava perfeitamente alheio. Estava noutra dimensão, a pensar em algo muito importante para a humanidade com toda a certeza (algo normal em mim), e portanto nem me apercebi do que falavam. Quando finalmente chegamos ao nosso andar, eu e o meu colega saímos e após alguns passos diz-me ele:
- "A esta, eu é que não me importava de lhe tirar um bilhete!", usando a tal entoação.
- "Huh?!? Tás a falar de quê?", perguntei eu, já a desconfiar mas a tentar perceber a lógica da expressão.
Eu já não me lembro exactamente do contexto mas pelos vistos ela vinha a queixar-se de alguma situação em que "só queria tirar um bilhete". O meu colega depois de me explicar já se estava a rir, mas eu já pensava mas porquê tirar um bilhete? Se a intenção era essa, porquê não dizer "com esta eu não me importava de fazer o amor!"? Ou será que ele pensava que ela era o tipo de mulher que teria um rolo de senhas tipo talho no continente em que os homens poderiam tirar a senha e esperar pela sua vez? E se for esse o caso então não me agrada muito a ideia de estar com uma mulher assim, mas cada um sabe de si.
Foi então que comecei a pensar que realmente existe essa espécie de necessidade intrínseca ao nosso género de pegar em expressões banais e transformá-las em algo que se diz ao colega macho que está ao lado, faz-se aquele riso malandro e dá-se o toque com o cotovelo finalizando com um "Hein? Hein?". Claro que a resposta tem de ser sempre "Yah é bem boa!" senão arriscamo-nos a um "Qual é? És gay?". Mesmo que na altura estejamos completamente aluados e a pensar noutras coisas, como aconteceu no meu caso em que a resposta também foi essa, apesar de nem sequer ter reparado, o que implica que posso ter feito uma afirmação falsa sem saber.
Por isso é que eu acho que todos os homens (e algumas mulheres também) adoram e acham piada aquela expressão tornada famosa por um quarteto da TV: "O que tu queres sei eu!".
"Que frio! Precisava duma camisolinha" diz ela. "Eu dava-te a camisolinha! O que tu queres sei eu!", isto não faz qualquer sentido, mas dito com a entoação certa e alguma sensualidade até podia ter saído de um qualquer filme pornográfico. No mundo normal sem entoação nenhuma, e principalmente se for inverno, só faz o homem parecer estúpido. Até digo mais, mesmo se fosse um casal e ela até aceitasse esse tipo de conversas (nada contra), então ele está a chamar camisolinha ao seu sexo é? (estúpido na mesma)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Decisões

Alguma vez se aperceberam ou pararam para pensar que diariamente tomamos dezenas ou centenas de decisões? Toda a gente, todos os dias, toma decisões, sejam instintivas ou ponderadas, sejam importantes ou insignificantes. Como por exemplo "fico mais 10 minutos a dormir ou levanto-me já?" (neste dilema opto pela primeira opção várias vezes seguidas numa manhã).
Se pensarmos que a mais pequena decisão, que até nem sequer nos apercebemos que a tomamos como atravessar a rua no momento errado, pode ter uma influência decisiva na nossa vida. Então é fácil perceber as pessoas que acreditam piamente e inequivocamente no destino. Eu pessoalmente não acredito no destino, não da forma como normalmente se fala dele, sendo algo incontrolável que está destinado a acontecer e como que gere a nossa vida. Acredito mais no livre arbítrio, em construirmos o nosso próprio destino. De qualquer forma admito obviamente que existem sempre condicionantes e aspectos incontroláveis (como na teoria do caos mas isso fica para outro post), por isso acredito em coincidências, pequenas coincidências, grandes coincidências, coincidências cósmicas, se lhe querem chamar destino ou não, já é uma questão de semântica.
Mas eu por exemplo sofro todas as 6ª feiras com essas pequenas coincidências que fazem com que os números sorteados no euro milhões nunca são iguais aos que eu escolhi para a minha chave! E olhem que são pequenas decisões inconscientes escolher 5 números em 50 mais 2 em 9, mas o potencial impacto na minha vida é gigantesco!!
Há também aquele tipo de decisões erradas que as pessoas dizem ser inconscientes mas sabiam perfeitamente o que estavam a fazer como: "Eu nunca iria para a cama com outra, só aconteceu porque estava bêbado". Não é desculpa, se o álcool tem um efeito assim tão forte em vocês então não bebam! E mesmo isso acho que é tanga porque o álcool apenas desinibe (mas isso também pode ficar para outro post).
Mas por vezes também tomamos decisões que pensamos serem conscientes ou ponderadas, acabando mais tarde por chegar à conclusão que foram precipitadas ou que foram das piores decisões da nossa vida. Até podemos voltar atrás na decisão e tentar corrigir o erro, mas muitas vezes isso não é possível.
Por isso é que eu gostava de ter uma equipa de consultores constantemente comigo, de modo a podermos reunir e avaliar todos os cenários possíveis tendo em conta todas as variáveis controláveis ou incontroláveis antes de tomar qualquer decisão. Ou mesmo até numa conversa, fazer uma mini-reunião antes de qualquer interacção com outra pessoa. A isto penso que algumas pessoas chamam de consciência, ou como naqueles filmes estúpidos quando se vê alguém a pensar e aparecem a discutir um diabinho num ombro e um anjinho no outro. De qualquer forma se isto é verdade, penso que muitas vezes esse meu par está em greve, admito que talvez seja em protesto pela constante e massiva destruição de células cerebrais devido a excessos praticados quase todos os fim de semana pela administração central, ou seja EU!!
Daí eu precisar de um conselho de administração para às vezes não tomar decisões erradas ou falar sem pensar (algo raro claro). Imaginem estarem a falar com alguém e a meio da conversa "Só um momento voltamos já, vou reunir com a administração e ponderar sobre o assunto". Por isso é que se fosse um super-herói seria o Hiro! Já imaginaram poderem parar o tempo sempre que quisessem? Ou poderem ir ao futuro para ver os impactos das vossas decisões?
Teriam todo o tempo do mundo para reunir com a administração!