segunda-feira, 9 de julho de 2007

Chave de porcas

Este sábado, vinha eu feliz da vida de mais uma noite animada no Batô, quando começam as luzes de aviso do carro a piscar, incluindo o STOP! "Ai, queres ver? Porta-te bem pah!" pensei eu, desliguei o carro, voltei a ligá-lo e tudo na mesma, a temperatura estava ok e o motor com o som agradável do costume, resolvi ignorar os avisos e arranquei na mesma, lá senti qualquer coisa e lembrei-me, olhei para o mostrador e realmente o pneu de trás do lado esquerdo estava a piscar, "baah um furo, agora olha não me vou por aqui a trocar o pneu". Não faltava muito para casa, era um pneu traseiro, eu estava cansado só queria dormir, vinha da festa... enfim muitas razões para ter desobedecido às ordens do meu carro e chegar a casa.
No dia seguinte, domingo portanto, dia do senhor, dia de descanso, lá tive eu, cheio de sono, ter que ir trocar o pneu. Toca portanto a sacar de todo o material necessário, e começar a tentar desapertar as porcas. Elas mexerem-se é que não havia maneira, já com as mãos doridas, ainda tento ter uma palavrinha com o meu carro "Pah eu sei que ontem não te obedeci, mas tenta compreender eram 5h30 da manhã, não fiques chateado, dá lá um jeitinho", mas nada, continuou chateado comigo! Mas eu não desistindo ponho-me em cima da chave para tentar fazer mais força e eis que... a chave parte!!
Depois de passar a completa estupefacção pelo sucedido, pensei várias coisas, algumas positivas como por exemplo "O meu carro é mesmo forte, parte primeiro uma chave de aço antes de se deixar desmontar!", outras menos positivas como "Puta, esta chave não vale mesmo nada!". Até que cheguei à conclusão que era um sinal, um sinal divino, Deus todo-poderoso em toda a sua omnipresença resolveu chamar-me a atenção... "André, emagrece!".

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Bombas

Estava eu descansado da vida, preparado para desligar o portátil e ir para casa descansar após um dia de trabalho, quando dou uma vista de olhos pelas últimas notícias do dia e deparo-me com esta pérola:



É só de mim ou... HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!!!
Depois de uma semana em que a polícia britânica pôs fim a dois atentados terroristas e apreendeu diversos suspeitos na consequência das investigações, obviamente que a polícia "tuga" não poderia ficar atrás, então há que fazer explodir alguma coisa! Nem que seja roupa!
É certo que a polícia britânica impediu dois atentados "sem saber ler nem escrever". Pelo que ouvi, assim sem prestar muita atenção, num dos casos foi o condutor de uma ambulância chamada à rua onde estava o carro bomba estacionado que reparou que este deitava fumo e chamou a polícia. No outro caso a sorte é gritante, o carro bomba estava mal estacionado, foi rebocado (os polícias de trânsito é que nunca falham, é igual em todo o mundo!) e levado para um parque subterrâneo onde não havia rede para o telemóvel, que funcionava como detonador!!
Não deixa de ser incrivelmente irónico, hilariante até, que em Inglaterra a polícia andou basicamente aos papéis no que diz respeito a desarmar dois carros bomba bem reais que poderiam ter feito graves danos, enquanto que em Portugal, a nossa polícia actuou com toda a celeridade que todos nós lhe reconhecemos... para rebentar com uma mala de roupa!!
Lindo, adoro este país!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Segredo

Jack entrou no bar às 23h, com bastante ansiedade e nervosismo mas ao mesmo tempo confiante. Convenceu-se que iria resolver todos os seus problemas naquela noite, a partir daquele momento tudo iria ser diferente, a vida dele iria mudar.
O bar era bastante movimentado, lembrou-se das palavras do seu contacto "Tem de ser num local público com muita gente!", observou o ambiente, um grupo de estrangeiros ruidosos e já nitidamente embriagados a um canto, vários casais e grupos pequenos espalhados pelas mesas e um grupo de mulheres no que parecia ser uma despedida de solteiro. Apesar de não gostar deste tipo de ambientes, tentou abstrair-se desse facto pois tinha outras razões para estar ali, algo de muito importante! Dirigiu-se ao balcão onde estavam algumas pessoas em animados diálogos e outras sozinhas que apenas olhavam em seu redor, à procura, ou talvez à espera de algo.
-"Boa noite. O que vai ser?", ouviu do outro lado do balcão.
-"Whisky, duplo!"

Enquanto bebia o whisky para acalmar os nervos viu que uma mulher se aproximava, caminhava confiante e sensual, era uma mulher extremamente bonita e sabia-o, não hesitava em mostrá-lo, mas Jack afastou a imagem da mente e voltou ao seu pensamento frio e metódico acerca do que se iria passar naquela noite. Mesmo assim foi abordado:
-"Estava ali a reparar que está sozinho, posso oferecer-lhe uma bebida?", trazia um whisky na mão.
-"Já estou servido, desaparece!", respondeu fria e secamente.
-"Estúpido!"

Passados alguns momentos, quando já começava a recear o pior, vê um homem aproximar-se, vinha nervoso, olhava para todos os lados, apesar do ambiente quente que se fazia sentir trazia um casaco apertado até ao pescoço, Jack percebeu logo que seria o seu contacto:
-"Jack?"
-"Sim"
-"Isto é seu?", apontando para o copo de whisky no balcão.
-"Uma gaja qualquer que me quis engatar, pode beber.", bebeu-o de golada.
-"Você tem a certeza que quer continuar com isto? Sabe no que se está a meter?"
-"Não tenho alternativa, tentaram matar-me!"
-"Você anda a fazer demasiadas perguntas, perguntas indiscretas a pessoas indiscretas, tem de ter mais cuidado!"
-"Estou aqui não estou?"
-"Com essa arrogância não vai longe! Você não está na sua terriola a escrever sobre a velhota que foi burlada!"
-"Calma, eu estou a ter muito cuidado, tenho tomado precauções desde o que se passou, quero chegar ao fundo desta questão!"
-"O que lhe vou dar contém todas as informações de que precisa, contactos, cópias de documentos autenticados, cópias de facturas... tudo! Se você realmente souber o que está a fazer isto vai trazer toda a verdade a público. E aí vai ser um salve-se quem puder, isto implica muita gente muito poderosa, mais do que imagina, cabeças vão rolar, reze para que não seja a sua!!", nesta altura o homem abre o casaco e tira um envelope grande que entrega a Jack, este reparou que o homem tremia, corriam pingas de suor pela cara e estava a ficar com uma cor estranha.
-"Sente-se bem?"
-"Sinto... estou nervoso... isto passa...", mas então o homem já apertava o peito com as duas mãos e tossia, contorcia-se com dores e caiu ao chão. Nesta altura já toda a gente olhava na direcção dos dois homens, o barman saltou o balcão e começou a tentar socorrer o homem estendido no chão, perguntou a Jack se o conhecia, se ele tinha problemas de saúde, este não reagia, estava petrificado a olhar para o homem, pensou em todas as ameaças que recebeu, a tentativa falhada de o assassinarem, o copo de whisky... a gaja... "Puta!".
Agarrou no envelope e saiu disparado do bar, ignorou os berros do barman e fugiu. Dobrou a primeira esquina e passados uns metros ouviu:
-"Hey Jack! Espere!"

Hesitou e parou, pensou que ninguém o poderia conhecer ali, a única pessoa que o conhecia estava morto no chão de um bar, então pensou que não deveria ter hesitado, não deveria ter parado, nessa altura já estava no chão, estava de tal maneira absorvido nos seus pensamentos que nem ouviu o som do disparo, apenas sentiu o impacto da bala nas suas costas, sentiu o calor do sangue a espalhar-se e logo depois começou o frio. Pensou em tudo que tinha passado para chegar até ali, tudo em vão, todo aquele esforço, nunca tinha pensado em ter alguém que pudesse continuar o seu trabalho se ele morresse, queria ter a glória só para si, queria ser o herói que tinha exposto aquela organização poderosa e corrupta. Mas agora o segredo iria morrer com ele... "Os filhos da puta safaram-se!"