sexta-feira, 23 de julho de 2010

Globalização e arrumadores

Hoje em dia já toda a gente ouviu falar da globalização, se não ouviu já devia ter ouvido! É um fenómeno que se desenvolveu essencialmente pela necessidade de expansão dos mercados dos países desenvolvidos, já saturados internamente. Isto levou a que cada vez mais se verificasse uma integração cultural, económica e social entre diferentes países. Não querendo com isto dizer que não acreditava neste fenómeno antes, apenas ontem comprovei verdadeiramente os efeitos da globalização. Encontrei um arrumador espanhol!
Estava eu a chegar ao carro, depois do trabalho como em qualquer outro dia, e ouço um arrumador que já conheço (está sempre na mesma rua e já sabe que só lhe dou um cigarro) a falar em espanhol para outro homem que nunca tinha visto! Isto fez-me imediatamente pensar numa série de questões! Logo para começar, estamos a falar de um arrumador que sabe falar espanhol e bem melhor do que eu pelo que ouvi, embora isso não seja muito difícil, não deixa de ser surpreendente. Em segundo lugar, estamos a falar de uma rua onde já ouvi discussões típicas entre arrumadores: "Já avisei que só podes estar dessa esquina pra baixo pah!!" e depois falando mais baixo mas dirigindo-se a mim: "Se não nos agarramos às calças ainda nos vão ao cu!!".

Esquecendo o pormenor que foi no mínimo surreal ouvir esta frase assim do nada, o mesmo arrumador estava contraditória e alegremente a falar com o espanhol, logo após este ter recebido uma moeda das mãos de alguém que tinha acabado de estacionar.
Ora a partir deste momento há uma série de questões que se levantam. O que leva um homem a emigrar para se tornar arrumador? Ou será que a vida por cá correu mal mas decidiu ficar. Ou então a vida está é a correr bem e a vida de arrumador em Portugal é melhor que em Espanha, embora ache mais improvável esta última hipótese pois sempre achei que era uma "profissão" muito nossa! Ou será que eu assisti a alguma sessão de formação? Já haverá cursos que desconheço? Ou será algum estágio no âmbito de algum programa de Erasmus? O sindicato de arrumadores portugueses vai gostar de ver arrumadores estrangeiros nas nossas ruas ou isto irá criar conflitos? Ou será que os arrumadores portugueses criaram um mercado de tal maneira emergente, que rapidamente ficou saturado e estão a começar a expandir para Espanha, começando por formar alguns elementos chave que irão propagar o negócio e permitir a sua globalização?!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Declarações existenciais

Ontem estava eu a preencher a minha declaração de IRS de 2009 quando cheguei a uma conclusão relativamente simples e despida de qualquer sentido filosófico: a minha declaração deste ano é, ignorando os valores absolutos, basicamente igual à do ano anterior!

Até aqui nada de novo, com certeza muita gente já chegou à mesma conclusão. Mas no meu caso, para não variar, despoletou uma linha de raciocínio bastante díspar do cerne da questão inicial (finanças)!

Será que o facto do meu ano fiscal de 2009 não ter sofrido grandes alterações relativamente ao de 2008 significa que a minha vida estagnou? Terei eu chegado a algum vazio ou ciclo em que os meus anos se irão repetir indefinidamente? Para onde caminha a minha vida? Não queria pensar nisto, é estúpido, eu não tenho idade para pensar neste tipo de questões, estas são normais em crises de meia-idade, ao pôr em causa se teria feito algo diferente na minha vida ou não. Mas será que nessa altura vou pensar que quando era novo é que devia ter colocado estas questões pois já seria tarde para mudar algo? Não interessa, nesta altura devia era estar preocupado com questões mais importantes, como por exemplo, porque é que há tanto alarido em relação ao Papa e os funcionários públicos têm direito a folga e eu não?! Ou então, como conseguir contactar o Dr. Caramba anonimamente e convencê-lo a lançar um feitiço voodoo sobre o Jesus de forma a que ele não consiga falar, é que já não o posso ouvir!!

Mas o incrível é que, de uma maneira geral, tanto o ano de 2008 como o de 2009 não foram maus! Podiam ter sido melhores é verdade, mas isso é porque queremos sempre mais, até porque não ganhei o euro milhões nem nenhuma das personalidades femininas da minha lista de “TOP 5” me ligou para ir tomar um cafezinho! E pergunto, como é que dei o brilhante salto mental, de passar de um simples preenchimento de um formulário no site das finanças, para tais perguntas existenciais? Pois… eu sei, eu também acho, deixar as substâncias psicoactivas é uma boa ideia!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sonhos

Já alguma vez tiveram algum tipo de sonho recorrente? Há pessoas que durante muito tempo sonham várias vezes com a mesma coisa, ou vão sonhando com algo ou alguma situação durante uma vida inteira. Eu não sou uma dessas pessoas! Os meus sonhos são bastante variados, sendo que as únicas ligações existentes entre eles, na maioria dos casos, são: eu ser o protagonista e serem bastante parvos!

Após esta pequena nota introdutória (importante para a contextualização do que se segue), vamos ao que realmente me levou a escrever este texto. Há uns dias, estava eu a pensar nesta questão de não ser pessoa de ter sonhos recorrentes e o porquê de isso acontecer (não me perguntem o que me levou a pensar nestas coisas, a minha mente surpreende-me a mim próprio muitas vezes!), quando a minha linha de raciocínio evoluiu de uma forma um tanto ou quanto estranha, como tal decidi partilhar! Independentemente das minhas convicções religiosas (se as tivesse eu dizia quais eram), adoptando como correctas as concepções de determinadas crenças acerca do céu e do inferno - que no primeiro se realizam todos os nossos sonhos e no segundo todos os pesadelos - eu pergunto então o que me reserva a minha pós-vida! (também já me questionei se reencarnasse como seria? Mas isso fica para outra altura) Mesmo assumindo que esses sonhos serão os desejos de uma vida, os sonhos do dia-a-dia e não propriamente os inconscientes, não auguro nada de bom. Isto porque, mesmo tendo em conta estes sonhos conscientes, talvez o mais recorrente, que surge semanalmente, seja ganhar o euro-milhões! Relembrando que estamos a falar de planos de existência imateriais, não estou propriamente a ganhar muito com isso! Mas vejo as coisas pelo lado positivo, se for para o inferno também não estarei a perder! A não ser que o pesadelo seja estar todas as semanas com o bilhete vencedor na mão e depois não haver Santa Casa para levantar o prémio! E pior, era o João Pinto ou outro qualquer a apresentar-me os números em vez da Marisa Cruz ou da nova apresentadora!
Já não estava a gostar das hipóteses que conjecturava na minha cabeça, optei por pensar noutro sonho que talvez se pudesse realizar se fosse para o céu. Ser jogador de futebol! Mas com classe, não como uns e outros que inclusive já foram comentados neste blog! Tinha um jogo todos os dias (estando no céu voava, não seria tão cansativo!), estádio sempre cheio obviamente, música da liga dos campeões antes do início do desafio! Estava a voltar a um estado de boa disposição, a imaginar o cenário, até que pensei: e se fosse para o inferno? Qual será o pesadelo? Qual será o oposto de ser jogador de futebol? Ser a bola? A relva? Ou talvez as caneleiras? Ou seria árbitro, a apitar jogos da selecção portuguesa enquanto o já referido João Pinto ainda jogava e distribuía socos e insultos como ninguém?
Foi nesta altura que pensei: “Tem que haver uma melhor forma de passar o meu tempo!”

quarta-feira, 17 de março de 2010

Falácia?

*Aviso: apesar de alguma semelhança na sonoridade, falácia e fellacio são coisas bem diferentes, não é engano. Portanto desengane-se quem esperar outro tipo de conteúdo para este texto! Compreendo quem fechar o blog nesta altura. Obrigado.

Não sei se serei o único a pensar desta forma, mas tenho a sensação que à medida que vamos ficando mais velhos parece que o tempo passa cada vez mais depressa! Penso que já ouvi outras pessoas dizerem o mesmo. Sinceramente, não sei para onde foi o ano passado, tenho a sensação que passou mesmo rápido! O que é triste, pois se já sinto isso nesta altura nem quero imaginar quando tiver 50 anos, não me vou lembrar do que fiz no ano anterior com certeza!
Mas eu lembro-me de ser mais novo e achar que nunca mais chegava o final do ano, ou seja, basicamente nunca mais era Natal. E nunca mais fazia 16 anos para deixar de ser puto! Ou 18 anos para tirar a carta de condução. De qualquer forma, o tempo que demorava a passar cada ano era uma eternidade, que se tem vindo a transformar em ápice!
Penso que a maioria das pessoas da minha idade concordará comigo em relação a esta teoria. O problema é que existe outra que a contradiz e que provavelmente também concordarão! A de que o tempo passa mais depressa quando nos divertimos do que quando estamos a fazer algo que não gostamos ou a apanhar uma seca! Como por exemplo se estivermos 10 minutos parados numa fila de trânsito, mais parece meia hora, no entanto, 10 minutos a conduzir um Kart parecem 5 no máximo. Ou quando uma ida às compras parece nunca ter tempo suficiente para as mulheres e para os homens, que invariavelmente se vão acumulando às portas das lojas, parece não ter fim.
Para mim, a contradição surge porque me lembro de ter tido uma infância e adolescência bastante felizes, em que, de uma maneira geral, estava sempre divertido e descontraído, sem preocupações ou questões existenciais como esta que apresento. Não que não me divirta ou que seja infeliz hoje em dia, não é essa a questão (apesar de o facto de pensar nestas coisas não me deixar dormir tranquilo, como poderia tal a importância da questão?), mas a verdade é que hoje em dia não tenho o mesmo tempo de lazer que tinha, já que esse tempo, com algumas excepções, resume-se a um dia e duas noites em cada fim-de-semana. Isto porque Domingo é dia do Senhor, dia de descanso e como tal não faço nada!
Mas estou a divagar, onde eu quero chegar é que tendo em conta estas premissas:
- o tempo passa mais depressa hoje em dia do que quando era mais novo;
- quando nos divertimos o tempo passa mais depressa;
- hoje em dia passo mais tempo a trabalhar do que a divertir-me;

Apenas consigo chegar à conclusão que me divirto mais hoje em dia a trabalhar do que quando era novo e não fazia nada de útil na vida! Poderá argumentar-se que isto é um pensamento falacioso, que não tem em conta todas as variáveis ou que as premissas não são necessariamente verdadeiras. Mas uma vez que aprendi a identificar o que é uma falácia em filosofia, disciplina pela qual nunca nutri especial carinho, a única conclusão lógica à qual posso chegar é que gosto de trabalhar!!! Estou perdido, alguém me ajude por favor!