quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Lições de vida

Recentemente contaram-me que um miúdo que conheço de 11 anos recebeu uma PS3 porque teve boas notas durante o ano. Há cerca de um ano esse mesmo rapaz disse-me que para prendas de aniversário e Natal só queria dinheiro porque estava a juntar para comprar essa mesma consola, na altura disse-lhe que ainda lhe iam faltar uns anitos mas pelos vistos enganei-me, os pais foram generosos (ainda bem para ele). Poderia aqui expor argumentos e lançar uma discussão sobre esse tipo de política de esforço/recompensa aplicada a crianças, mas não vou por aí, vou apenas falar de um episódio que esta situação me fez lembrar e que se passou comigo quando tinha 8 anos.
Uma professora que tinha na altura teve a brilhante ideia de introduzir na turma um sistema de pontos. Isto é, qualquer boa acção, como trabalhos de casa bem feitos, trabalhos extra ou bom comportamento, dava direito a um ponto verde (eram tracinhos num quadro). Por outro lado, o mau comportamento, faltas ou não fazer os trabalhos de casa davam direito a um ponto preto, ao fim de 3 pontos pretos era um ponto vermelho. O interesse deste sistema, segundo a professora, era fazer com que toda a turma se portasse bem porque no final haveria uma contabilização dos pontos e quem ganhasse receberia uma recompensa, uma surpresa no final do ano.
Nem vou comentar o facto deste sistema poder desenvolver um espírito de competitividade fora do normal em crianças de 8 anos ou ser apenas algo engraçado para se fazer, não é essa a questão. Mas eu, como gosto muito de surpresas e ouvi falar em recompensa, pus-me a pensar que queria ganhar a tal recompensa. Então passei o ano a fazer tudo que a professora mandava: fazia sempre os trabalhos de casa, trabalhos extra para ganhar mais créditos quando via que algum outro miúdo se estava a aproximar na tabela e portava-me sempre bem. Enfim, como devem imaginar foi um ano muito difícil para mim, mas aguentei-me firme na liderança até ao fim! No final do ano quando chegou o momento da contabilização dos pontos e entrega dos prémios, eu já estava em pulgas pois já sabia que tinha ganho, já nem queria saber de mais nada tal era a minha curiosidade em saber qual era o prémio! A professora chamou-me e lá fui eu até à secretária dela buscá-lo (e sim lembro-me de tudo isto pois foi uma experiência marcante como já vão perceber), quando finalmente tenho a grande surpresa nas mãos... era um poster!!!!
Ok era um poster "duplo", tinha frente e verso dava para escolher mas... era um poster!!! Nem sequer muito grande, era pouco maior que uma folha A4, apenas um simples poster que num dos lados tinha um cavalo branco. Mas para que é que um miúdo de 8 anos quer um poster com um cavalo branco perguntam vocês e muito bem!! Eu próprio me questionei sobre isso várias vezes enquanto olhava para o poster e para a professora e sorria com aquele sorriso forçado a dizer "Obrigado", só porque tinha mesmo de ser. Naquela altura podia-me ter dado uma bola de futebol que eu pulava de alegria, começava a jogar logo ali na sala e tudo!! Mas um poster?!?
Como já devem ter percebido foi algo que me marcou para o resto da vida e ainda hoje recordo esse dia com horror, um ano de esforço em vão, um ano perdido! Podem argumentar que independentemente de tudo isto, a verdade é que o sistema resultou pois o esforço e o bom comportamento já tinham sido feitos. Mas o problema é que quem sofreu com isso foram os professores do resto da minha vida académica, incluindo essa mesma professora no ano seguinte, que manteve o mesmo sistema e encheu-me de pontos pretos e vermelhos! "Ai não percebo, o ano passado não eras assim!", só não lhe respondia "Não me tivesses dado a merda dum poster!" porque com aquela idade era inocente e ainda não conhecia esses sentimentos e expressões tão nobres como a vingança, o sarcasmo e a ironia (para além de não dizer asneiras obviamente).
Mas de qualquer forma ainda consigo ter a clareza e a presença de espírito suficientes para perceber que aquela professora ensinou-me uma grande lição de vida, uma lição sobre a importância e o cuidado a ter numa educação baseada na motivação por meio de recompensas: "Não gosto de posters!"

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O que tu queres sei eu

Existe uma questão típica do género masculino que me intriga. Nunca percebi muito bem como é que qualquer homem consegue fazer qualquer tipo de comentários com intenções sexistas, machistas ou obscenas dizendo seja o que for, mesmo que não faça sentido, mesmo que não tenha nada a ver com o contexto e que se lhes for retirada aquela entoação típica dum comentário assim, seria simplesmente estúpido.
Vou-vos dar um exemplo de algo que se passou comigo recentemente. Entrei no elevador com alguém conhecido e a partilhar o mesmo espaço estava um casal ao qual eu estava perfeitamente alheio. Estava noutra dimensão, a pensar em algo muito importante para a humanidade com toda a certeza (algo normal em mim), e portanto nem me apercebi do que falavam. Quando finalmente chegamos ao nosso andar, eu e o meu colega saímos e após alguns passos diz-me ele:
- "A esta, eu é que não me importava de lhe tirar um bilhete!", usando a tal entoação.
- "Huh?!? Tás a falar de quê?", perguntei eu, já a desconfiar mas a tentar perceber a lógica da expressão.
Eu já não me lembro exactamente do contexto mas pelos vistos ela vinha a queixar-se de alguma situação em que "só queria tirar um bilhete". O meu colega depois de me explicar já se estava a rir, mas eu já pensava mas porquê tirar um bilhete? Se a intenção era essa, porquê não dizer "com esta eu não me importava de fazer o amor!"? Ou será que ele pensava que ela era o tipo de mulher que teria um rolo de senhas tipo talho no continente em que os homens poderiam tirar a senha e esperar pela sua vez? E se for esse o caso então não me agrada muito a ideia de estar com uma mulher assim, mas cada um sabe de si.
Foi então que comecei a pensar que realmente existe essa espécie de necessidade intrínseca ao nosso género de pegar em expressões banais e transformá-las em algo que se diz ao colega macho que está ao lado, faz-se aquele riso malandro e dá-se o toque com o cotovelo finalizando com um "Hein? Hein?". Claro que a resposta tem de ser sempre "Yah é bem boa!" senão arriscamo-nos a um "Qual é? És gay?". Mesmo que na altura estejamos completamente aluados e a pensar noutras coisas, como aconteceu no meu caso em que a resposta também foi essa, apesar de nem sequer ter reparado, o que implica que posso ter feito uma afirmação falsa sem saber.
Por isso é que eu acho que todos os homens (e algumas mulheres também) adoram e acham piada aquela expressão tornada famosa por um quarteto da TV: "O que tu queres sei eu!".
"Que frio! Precisava duma camisolinha" diz ela. "Eu dava-te a camisolinha! O que tu queres sei eu!", isto não faz qualquer sentido, mas dito com a entoação certa e alguma sensualidade até podia ter saído de um qualquer filme pornográfico. No mundo normal sem entoação nenhuma, e principalmente se for inverno, só faz o homem parecer estúpido. Até digo mais, mesmo se fosse um casal e ela até aceitasse esse tipo de conversas (nada contra), então ele está a chamar camisolinha ao seu sexo é? (estúpido na mesma)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Decisões

Alguma vez se aperceberam ou pararam para pensar que diariamente tomamos dezenas ou centenas de decisões? Toda a gente, todos os dias, toma decisões, sejam instintivas ou ponderadas, sejam importantes ou insignificantes. Como por exemplo "fico mais 10 minutos a dormir ou levanto-me já?" (neste dilema opto pela primeira opção várias vezes seguidas numa manhã).
Se pensarmos que a mais pequena decisão, que até nem sequer nos apercebemos que a tomamos como atravessar a rua no momento errado, pode ter uma influência decisiva na nossa vida. Então é fácil perceber as pessoas que acreditam piamente e inequivocamente no destino. Eu pessoalmente não acredito no destino, não da forma como normalmente se fala dele, sendo algo incontrolável que está destinado a acontecer e como que gere a nossa vida. Acredito mais no livre arbítrio, em construirmos o nosso próprio destino. De qualquer forma admito obviamente que existem sempre condicionantes e aspectos incontroláveis (como na teoria do caos mas isso fica para outro post), por isso acredito em coincidências, pequenas coincidências, grandes coincidências, coincidências cósmicas, se lhe querem chamar destino ou não, já é uma questão de semântica.
Mas eu por exemplo sofro todas as 6ª feiras com essas pequenas coincidências que fazem com que os números sorteados no euro milhões nunca são iguais aos que eu escolhi para a minha chave! E olhem que são pequenas decisões inconscientes escolher 5 números em 50 mais 2 em 9, mas o potencial impacto na minha vida é gigantesco!!
Há também aquele tipo de decisões erradas que as pessoas dizem ser inconscientes mas sabiam perfeitamente o que estavam a fazer como: "Eu nunca iria para a cama com outra, só aconteceu porque estava bêbado". Não é desculpa, se o álcool tem um efeito assim tão forte em vocês então não bebam! E mesmo isso acho que é tanga porque o álcool apenas desinibe (mas isso também pode ficar para outro post).
Mas por vezes também tomamos decisões que pensamos serem conscientes ou ponderadas, acabando mais tarde por chegar à conclusão que foram precipitadas ou que foram das piores decisões da nossa vida. Até podemos voltar atrás na decisão e tentar corrigir o erro, mas muitas vezes isso não é possível.
Por isso é que eu gostava de ter uma equipa de consultores constantemente comigo, de modo a podermos reunir e avaliar todos os cenários possíveis tendo em conta todas as variáveis controláveis ou incontroláveis antes de tomar qualquer decisão. Ou mesmo até numa conversa, fazer uma mini-reunião antes de qualquer interacção com outra pessoa. A isto penso que algumas pessoas chamam de consciência, ou como naqueles filmes estúpidos quando se vê alguém a pensar e aparecem a discutir um diabinho num ombro e um anjinho no outro. De qualquer forma se isto é verdade, penso que muitas vezes esse meu par está em greve, admito que talvez seja em protesto pela constante e massiva destruição de células cerebrais devido a excessos praticados quase todos os fim de semana pela administração central, ou seja EU!!
Daí eu precisar de um conselho de administração para às vezes não tomar decisões erradas ou falar sem pensar (algo raro claro). Imaginem estarem a falar com alguém e a meio da conversa "Só um momento voltamos já, vou reunir com a administração e ponderar sobre o assunto". Por isso é que se fosse um super-herói seria o Hiro! Já imaginaram poderem parar o tempo sempre que quisessem? Ou poderem ir ao futuro para ver os impactos das vossas decisões?
Teriam todo o tempo do mundo para reunir com a administração!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Treinos, telemóveis e orgias

Acabei de ler uma notícia que me fez pensar e despoletou os meus neurónios, por sinal bastante adormecidos hoje. Claro que este acordar foi por motivos algo ridículos para não variar!
Ficam então a saber que o Cristiano Ronaldo, esse portento português, especialista em orgias por terras de Sua Magestade, foi multado pelo Sir Alex Ferguson (para quem não sabe é aquele escocês sempre com o nariz vermelho e cara de quem mamou uma garrafa de JB sozinho!), por utilizar o telemóvel durante um treino. Mas então qual é a admiração perguntam vocês? Tirando o facto de ser realmente muito estranho um jogador de futebol estar com um telemóvel na mão em pleno treino (pensei que o equipamento era só chuteiras, meias, calções e t-shirt), mas ok, ele realmente por vezes dá mostras de vedetismo e portanto poderá pensar que está acima de todos os outros e pode fazer o que bem lhe apetece. Mas o que realmente me chamou a atenção nesta notícia foram os valores apresentados: 8 mil libras!!!!! (cerca de 11mil euros)
É só de mim ou há algo de extremamente errado no mundo quando alguém é multado em 11mil euros por estar com um telemóvel na mão?!? Qual fome, qual guerra, qual crise... isto é que está mal!! Podem argumentar que a multa é proporcional ao salário e que portanto é uma multazeca de provavelmente 1% do que ele ganha... o que só por si já é revoltante!! (isto porque uma multa de 1% do salário por usar o telemóvel?? está mal claro que está mal!)
Agora num tom mais sério, ao que parece, no treino em questão, o menino prodígio foi apanhado pelo treinador por 4 vezes a mandar SMS's do seu telemóvel. Uma vez que foi instituída uma política de disciplina para os treinos do clube, que inclui uma multa de 2 mil libras para quem não cumprir as regras, vai daí... 8mil mocas (leia-se libras neste caso).
Eu pergunto-me com quem o jovem estaria a trocar mensagens! Do outro lado iam a quê?! 4 cêntimos? 8 cêntimos? E ele pimbas... 2mil libras!! Bhaaaa peanuts!!
Seria a Meche Meche?? Ou a Florivaca?!? Talvez a menina da Disney... cá para mim o que aconteceu foi que ele enviou o primeiro SMS para uma menina inglesa daquelas que dizem que ele as trata muito bem! O Sir apanhou-o... o resto da equipa apercebeu-se e foi um ver se te avias... "Oh Ronaldo, arranja aí uma para mim também!" Claro que o Sir Ferguson ao aperceber-se que iria haver outra orgia espalhada pelos tablóides ingleses no dia seguinte, teve que por um fim à situação! Vá lá ficou-se por 4meninas. Quem terão sido os primeiros colegas a conseguir um lugar na festa? Eu cá aposto no Nani e no Anderson!!!
Hehehehe