sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Milhão ou Milhões

Recentemente estava na Fnac e reparei em algo que me deixou a pensar (já não acontecia há algum tempo eu sei, mas as coisas raras são as mais valiosas não se esqueçam disso!).
Numa estante onde estavam dispostos diversos livros, suponho que novidades e tops, lado a lado estavam dois livros do mesmo autor (Pedro Queiroga Carrilho). O que me chamou a atenção foram as várias semelhanças entre os dois. A nível de grafismo da capa e mesmo nos nomes, "O seu primeiro milhão" e "O primeiro milhão para casais".
Fiquei com a ligeira sensação que isto não passa de uma estratégia de marketing (um pouco pobre na minha opinião) para tentar aumentar as vendas dos mesmos, isto porque se eu fizesse parte de um casal e quisesse comprar este livro, falava primeiro com a minha hipotética respectiva e tentava convencê-la a seguir os passos do primeiro livro, seguindo eu também os mesmos conselhos e em vez de um milhão a dividir pelos dois ficávamos com um milhão cada um! Parece-me mais lógico.
Isto porque imagino que as estratégias descritas nos dois livros para alcançar o primeiro milhão devem ser sensivelmente as mesmas. E não me venham dizer que os passos a seguir serão diferentes se for um casal ou um solteiro. Se fosse assim então mais valia esquecer essa história de orçamento familiar (ou em conjunto ou lá como queiram chamar) durante uns tempos e o casal fazia tudo separado (financeiramente falando claro), ganhavam um milhão cada um e só depois compravam o segundo livro, acumulando um total de 3 milhões. Não me parece viável por muito bons que sejam os livros e continuo a dizer que devem ser praticamente iguais, substituindo as expressões "você deverá" por "vocês deverão".
Entretanto procurei no site e percebi, possivelmente, a diferença entre os dois livros que pode justificar esta quase duplicação. O livro destinado a projectos unipessoais é 4€ mais caro, o que significa que o investimento inicial é maior, logo o retorno é necessariamente mais elevado também, faz sentido!
E para aqueles de vocês que ainda assim estão a pensar dar a volta ao texto, reler e seguir várias vezes os passos do mesmo livro para conseguirem ganhar vários milhões, leiam com atenção o título do livro: "O seu primeiro milhão". A palavra "primeiro" significa que o livro só vai funcionar uma vez, a partir daí estão por vossa conta, se estourarem tudo em meninas, drogas e jogo como o Jardel, não há cá mais milhões para ninguém!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

I amsterdam

Metro. Sá Carneiro. Eindhoven. Autocarro com máquina de bilhetes marada. Comboio com máquina de bilhetes que só aceita cartões Maestro. "Perdi o bilhete!". Amsterdam! MacDonalds. Hotel Ben com muitaaaaas escadas. Red Light District com muitooooos Coffee Shops, “montras”, pubs e sex shops. Bar "Babes & Beer", canecas de 0,5L e "Last call we'll close in 15 minutes!" Beber de golada. Mais um passeio. Hotel Ben. Dormir. Passeio até Anne Frank Huis. Fila enorme mas que andava tão depressa que até corremos. Pequena depressão. Passeio pelas ruas de Amsterdão e mercado de queijos e comida biológica. Restaurante italiano. Mais passeio. Hash Museum, "Vou chorar o dinheiro", com direito a Hemp Gallery e "Perdi o bilhete!". Chuva. Stoned's Coffee Shop. Weeeeeee... Vasco: "Quero dormir, só meia horita". 2 horas depois jantar no Red Light, comida típica holandesa! Passeio de noite até praças cheias de esplanadas, filas enormes para discotecas e Hard Rock (entretanto fechado). Hotel Ben. Dormir. Réplica de barco antigo holandês. Nemo (cheio de criançada!). Rembrandt Museum & Huis. I amsterdam. Museu Van Gogh. Hard Rock (entretanto aberto). Gift shop e T-shirts (de Amsterdão, não do Hard Rock). De volta ao Red Light. "Come in the show's starting!". Steakhouse (ou StickHouse) com Spared Ribs e Lambrusco. Passeio à procura de pub. Smallest Pub in Town. Passeio à procura de pub. Player's Pub. "I got a feeling!". Hotel Ben. Dormir. Boatbus por alguns dos 1000 canais com Vasco a dormir "A gaja pôs-se a falar em holandês e francês, deu-me o sono!". Gift Shop. MacDonald's. Condomerie. Oporto Pub. Dardos e Photoplay. Centraal Station com bilhetes já pagos a dinheiro (mas 50 cêntimos mais caros). Eindhoven. Autocarro. Aeroporto. Fila enorme com holandeses a tentar passar a frente e tugas a amotinarem-se. Sá Carneiro.

E fica o relato de uma viagem a Amsterdão que recomendo. Claro que não vão ter direito aos muitos momentos divertidos que tive e principalmente à companhia, mas alguma coisa hão-de arranjar! Desta vez não uso expressões em holandês que aquela língua é demasiado estranha!
Ficam algumas frases para a história:

"Perdi o bilhete!"
"Povo, vocês não têm orientação nenhuma!"
"Foi dito, mas á posteriori!"
"Oh Vasco, isto mete-se na pila?!"

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Diminutivos

Já alguma vez se aperceberam que o uso de diminutivos pode mudar bastante o sentido das palavras?
Apesar de ter noção que a grande maioria das pessoas se preocupa com assuntos essenciais, como saber se o protagonista da novela das 21h vai trair a mulher, ou quem vai ser o próximo presidente do Benfica (assuntos aos quais atribuo o mesmo grau de importância), eu por outro lado não tenho muito com o que me preocupar, o que origina horas e horas de dissertações mentais sobre assuntos tão pertinentes quanto este.
Em termos gramaticais, um diminutivo é um grau de um substantivo e serve funções estilísticas bem definidas, formando-se acrescentando um sufixo que pode indicar afectividade ou pequenez, mantendo a categoria sintáctica da palavra base. Evidentemente que uma regra não seria regra sem as suas excepções, o que nos leva ao ponto fulcral deste texto, palavras em que o uso do diminutivo altera o seu significado.
Vejamos a palavra "coitado", usada normalmente, expressa um sentimento de pena por determinada pessoa, por alguma característica própria ou por um qualquer acontecimento negativo a que essa pessoa tenha sido sujeita, mas por norma é um sentimento verdadeiro. Já se pensarmos no seu diminutivo "coitadinho", chegamos à conclusão, e eu sempre ouvi dizer, "Coitadinho é corno!". Mas admito que este exemplo não é muito óbvio pois temos de considerar "corno" também como sendo uma característica pessoal ou um acontecimento negativo.
Temos também a palavra "anjo", que se for usada para descrever alguém, é um adjectivo positivo, "És um anjo de pessoa!". Por outro lado, se usarmos o diminutivo da mesma palavra o caso muda completamente de figura e torna-se depreciativo: "És um anjinho!", aludindo claramente ao lado mais ingénuo da pessoa (isto é puramente senso comum e não experiência própria obviamente).
Outra palavra que tem um significado claramente oposto apenas acrescentando um "inho", é a palavra "cheiro". Senão vejamos: "Que cheiro é este?" ou "Que cheirinho é este?". Se no segundo caso estamos a falar de algo agradável, no primeiro caso o mais provável é estarmos com os receptores olfactivos a ser violentamente atacados!
Outro caso muito comum que normalmente nem nos apercebemos, é a "casa" que se transforma apenas numa divisão: "casinha" (ok é um diminutivo mas não exageremos). Quando alguém diz "Vou para casa" está obviamente a despedir-se, já quando alguém diz "Vou à casinha, volto já", está apenas a partilhar informação inútil que eu dispenso.
Temos ainda dois exemplos, em que são gritantes as diferenças de significado, mas ao mesmo tempo elucidativos da minha enorme capacidade (ou falta dela) de escrever sobre assuntos importantes. Primeiro, quando retiramos o necessário, seja do que for, e nos resta alguma coisa, podemos dizer "A sobra está no lixo!" sem qualquer consequência, mas não digam "A sobrinha está no lixo!", principalmente se tiverem irmãos ou irmãs com filhas! Segundo, e por último, a palavra "leve", que tanto pode ser usada como uma conjugação do verbo levar, ou como um adjectivo referindo-se ao peso de algo ou mesmo à sua importância. Enquanto o uso do diminutivo, "levezinho", refere-se claramente à alcunha do avançado do Sporting de nome Liedson, que nunca mais se reforma ou pára de marcar golos! Mas tudo bem, a importância desse facto no quadro geral do campeonato nacional tem sido insignificante pelo que o adjectivo aceita-se perfeitamente!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Comparticipações

"Medicamentos para a infertilidade passam a ter comparticipação de 69 por cento" in Publico 29/04/2009

Foi publicado hoje em Diário da República um despacho que diz que a partir de 1 de Junho os medicamentos para casais em tratamentos de infertilidade passam a ter uma comparticipação do estado de 69%. É só impressão minha ou há-de haver muita gente na assembleia que sempre que ouve o número 69 se ri como um pre-adolescente?
Custa-me um pouco a acreditar na inocência deste valor, antes era 37%, o que significa que houve um aumento de 86,49% sobre o valor antigo. Isto leva-me a pensar, uma vez que não foi um aumento de 100%, 75% ou 50% na comparticipação, que foi alguém a dizer: "eh pah se temos que aumentar, vamos passar a comparticipar em 69%, hihihi!", o que originou uma risada geral e o despacho passou!
Não digo que não concorde, uma vez que Portugal é um país em envelhecimento é necessário fomentar a natalidade. Mas por isso mesmo, deveria ser um assunto levado mais a sério. A ironia deste valor parece-me bastante óbvia! E mesmo que tenha sido, de alguma forma que não estou a ver, um valor calculado inocentemente, só significa que não estão atentos porque deveriam ter antecipado este tipo de reacções e interpretações (que já está a haver, eu não serei o único com certeza). O que retira o justo protagonismo desta medida aos casais com problemas de fertilidade e ao investimento no aumento da natalidade no país.
Mas já estou a imaginar:
- "69% de comparticipação para medicamentos de infertilidade! hahaha"
- "Eh pah, mas isso não vai confundir as pessoas? Com "69s" a natalidade não vai aumentar de certeza! Quer dizer... acho eu! Assim não dá para ter bebés pois não?"
- "Não, mas aí é que está a piada! É irónico!"
- "Irónico? Aaaaah ok! Porreiro pah!"

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Encontros imediatos

Há pessoas que, já em adultas, conseguem reconhecer alguém que já não viam desde a primária. Outras, como eu, lembram-se das caras que eram mais próximas no secundário, com sorte! Estou obviamente a falar daquelas amizades que se perderam e cujo contacto deixou de existir. Isto não significa que eu consumia drogas ou álcool em tenra idade não se assustem, apenas não consigo fazer essas associações de caras (já bastante diferentes, sendo já 20 anos de diferença que incluem toda a fase de crescimento de cada um), ou reconhecer aquelas expressões faciais ou pormenores que aparentemente se mantêm ao longo dos anos.
Mas a verdade é que acho engraçado como às vezes as pessoas reconhecem alguém nestas condições e apesar de todas as diferenças. Já aconteceu comigo e também com um tio meu, que por incrível que possa parecer, é verídico. Com 50 anos de idade, ele foi abordado na rua por alguém de quem tinha sido colega na primária e nunca mais tinha visto. Isto para mim é algo impressionante!
Normalmente, estas abordagens têm associadas um comentário final na ordem do "Eh pah tás igualzinho!". Já as reacções a este tipo de comentário, na minha opinião e por experiência própria, diferem conforme a fase da vida. Isto é, como devem imaginar a reacção do meu tio foi contar à família toda, cheio de orgulho, que com aquela idade ainda era reconhecido dos tempos de criança e que portanto ainda era um jovem! Já a minha reacção, penso que típica de alguém recém-chegado a idade adulta (já foi há uns anitos), foi oposta: "Igualzinho?!? Dass ainda tenho cara de criança queres ver??!"
Claro está que, em ambos os casos, uma pergunta óbvia que foi feita por quem estava a ouvir estas histórias foi: "Mas tu reconheceste a pessoa?". A resposta foi, em ambos os casos (deve ser de família): "Obviamente que não!". Sendo que no meu caso foi um pouco mais grave, já que uma semana ou 15 dias depois (grande coincidência), voltei a encontrar a pessoa em causa e, surpresa das surpresas, voltei a não me conseguir lembrar do nome da mesma. Se no primeiro "encontro imediato", esquivei-me ao "Então não sabes quem eu sou?" de uma forma relativamente fácil (e depois de explicada a ligação) com um breve sorriso e um "Ahhh és tu, já me lembro. Tás diferente!", no segundo encontro o sorriso cínico e reprovador após a frase "Não te lembras do meu nome outra vez pois não?" disse tudo. E como a vida tem destas coisas, agora que, por toda esta situação, tão cedo não me vou esquecer do nome em questão, não terei mais “encontros”. Ou então se isso acontecer, é sinal que já me esqueci outra vez!
Em minha defesa, a primeira vez que vi essa pessoa foi na queima das fitas, um evento que, apesar de extremamente rico em termos sociais e culturais, é forte causa de perdas momentâneas de memória para muito boa gente (e eu incluo-me nessa categoria de boa gente)!