quarta-feira, 29 de abril de 2009

Comparticipações

"Medicamentos para a infertilidade passam a ter comparticipação de 69 por cento" in Publico 29/04/2009

Foi publicado hoje em Diário da República um despacho que diz que a partir de 1 de Junho os medicamentos para casais em tratamentos de infertilidade passam a ter uma comparticipação do estado de 69%. É só impressão minha ou há-de haver muita gente na assembleia que sempre que ouve o número 69 se ri como um pre-adolescente?
Custa-me um pouco a acreditar na inocência deste valor, antes era 37%, o que significa que houve um aumento de 86,49% sobre o valor antigo. Isto leva-me a pensar, uma vez que não foi um aumento de 100%, 75% ou 50% na comparticipação, que foi alguém a dizer: "eh pah se temos que aumentar, vamos passar a comparticipar em 69%, hihihi!", o que originou uma risada geral e o despacho passou!
Não digo que não concorde, uma vez que Portugal é um país em envelhecimento é necessário fomentar a natalidade. Mas por isso mesmo, deveria ser um assunto levado mais a sério. A ironia deste valor parece-me bastante óbvia! E mesmo que tenha sido, de alguma forma que não estou a ver, um valor calculado inocentemente, só significa que não estão atentos porque deveriam ter antecipado este tipo de reacções e interpretações (que já está a haver, eu não serei o único com certeza). O que retira o justo protagonismo desta medida aos casais com problemas de fertilidade e ao investimento no aumento da natalidade no país.
Mas já estou a imaginar:
- "69% de comparticipação para medicamentos de infertilidade! hahaha"
- "Eh pah, mas isso não vai confundir as pessoas? Com "69s" a natalidade não vai aumentar de certeza! Quer dizer... acho eu! Assim não dá para ter bebés pois não?"
- "Não, mas aí é que está a piada! É irónico!"
- "Irónico? Aaaaah ok! Porreiro pah!"

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Encontros imediatos

Há pessoas que, já em adultas, conseguem reconhecer alguém que já não viam desde a primária. Outras, como eu, lembram-se das caras que eram mais próximas no secundário, com sorte! Estou obviamente a falar daquelas amizades que se perderam e cujo contacto deixou de existir. Isto não significa que eu consumia drogas ou álcool em tenra idade não se assustem, apenas não consigo fazer essas associações de caras (já bastante diferentes, sendo já 20 anos de diferença que incluem toda a fase de crescimento de cada um), ou reconhecer aquelas expressões faciais ou pormenores que aparentemente se mantêm ao longo dos anos.
Mas a verdade é que acho engraçado como às vezes as pessoas reconhecem alguém nestas condições e apesar de todas as diferenças. Já aconteceu comigo e também com um tio meu, que por incrível que possa parecer, é verídico. Com 50 anos de idade, ele foi abordado na rua por alguém de quem tinha sido colega na primária e nunca mais tinha visto. Isto para mim é algo impressionante!
Normalmente, estas abordagens têm associadas um comentário final na ordem do "Eh pah tás igualzinho!". Já as reacções a este tipo de comentário, na minha opinião e por experiência própria, diferem conforme a fase da vida. Isto é, como devem imaginar a reacção do meu tio foi contar à família toda, cheio de orgulho, que com aquela idade ainda era reconhecido dos tempos de criança e que portanto ainda era um jovem! Já a minha reacção, penso que típica de alguém recém-chegado a idade adulta (já foi há uns anitos), foi oposta: "Igualzinho?!? Dass ainda tenho cara de criança queres ver??!"
Claro está que, em ambos os casos, uma pergunta óbvia que foi feita por quem estava a ouvir estas histórias foi: "Mas tu reconheceste a pessoa?". A resposta foi, em ambos os casos (deve ser de família): "Obviamente que não!". Sendo que no meu caso foi um pouco mais grave, já que uma semana ou 15 dias depois (grande coincidência), voltei a encontrar a pessoa em causa e, surpresa das surpresas, voltei a não me conseguir lembrar do nome da mesma. Se no primeiro "encontro imediato", esquivei-me ao "Então não sabes quem eu sou?" de uma forma relativamente fácil (e depois de explicada a ligação) com um breve sorriso e um "Ahhh és tu, já me lembro. Tás diferente!", no segundo encontro o sorriso cínico e reprovador após a frase "Não te lembras do meu nome outra vez pois não?" disse tudo. E como a vida tem destas coisas, agora que, por toda esta situação, tão cedo não me vou esquecer do nome em questão, não terei mais “encontros”. Ou então se isso acontecer, é sinal que já me esqueci outra vez!
Em minha defesa, a primeira vez que vi essa pessoa foi na queima das fitas, um evento que, apesar de extremamente rico em termos sociais e culturais, é forte causa de perdas momentâneas de memória para muito boa gente (e eu incluo-me nessa categoria de boa gente)!